segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

NATAL


O
Natal
belo assim
é-me a Lei moral
diariamente em mim.

Jesus todos os dias na alma
sempre renascendo e ressurgindo
com a prece reconfortante que acalma
no brilho da estrela, em cada novo dia lindo.

Natal me é fonte de energia constante, de vibrações
intensas, da reforma íntima voltada sempre para o bem
orações
ao além
paz e amor
do Senhor
amém!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

QUANDO O PERDÃO SE PERDEU NO VENTO


Eu nunca mais busquei seu rosto no ar
Crente ter sido levado com o vento
Ou por ter sido rude, pois rude fui
No turbilhão de palavras que voaram.

E não busquei um pensamento calmo
Quando tudo eram trevas e medo
E eu pensava ter sido deformado
Pelo interminável temporal de insetos.

Talvez pensasse que você viesse no vento
(erguidas e rijas as velas da sua coragem)
E pétalas de flores docemente plainassem

E o bálsamo do perdão se fizesse no ar.
Eu não imaginei, eu tive medo, errei
Por não ter gritado aos ventos: - desculpe!

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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A FORÇA ESTÁ EM VOCÊ


Não há facilidade em se vencer
Cada dia um leão, um abutre
Que ronda toda energia do Ser
Tornando-o áspero, rude, futre...

Negritude em nuvens rondam
Circundam, enlaçam, envolvem...
Vigores se esvaem e escoam
Dissipam-se. E o mal lhe vem!

Desde a noite até o amanhecer
Anjos lutam, esforçam e provêm
Forças vitais para não adoecer

Põe-lhe firme no caminho do bem.
As trevas mentais vão e vêm
Cabendo-lhe ganhar; ou perder.

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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

EVANGELHO NO LAR


Raios de luz e alegria dissipados
Da corrente de fé, paz e de amor
União desses corpos aninhados
Acolhidos em prece ao Senhor.

Energia irradiada por toda a casa
Pelos cômodos, pelo ar, pela gente
Da beneficência que voa sem asa
Uníssonos no amor que se sente.

Havendo afeto e a força da união
Em comum interesse de melhora
Da íntima reforma que revigora

Cachoeiras de luz lhes banharão
Irradiando deste feliz lar a fora
Invadindo cada mente e coração.

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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

AOS SUICIDAS, MÓRBIDOS E AFINS


Puxe fundo o ar aos pulmões
Nadando rumo ao afogamento
Mergulhando de altos aviões
Esfacelando-se no pavimento.

Respire o ar das áreas densas
Com a brânquia que não há
Breu de energias muito tensas
Abaixo da última entupida pá.

Garganta apertada, dado o nó
Faltar-lhe-á forças para o gole
Desejará o macio, o fofo e mole

Trago de alegria - e não o pó!
Verá como a terra lhe engole
E o verme bruto não tem dó!


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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

POEMA: DO PÓ AO PÓ

Escrevi poemas para quase tudo
(bucolismo intrínseco e acirrado)
Versei as matas, aves, fui agudo
Tratei dos céus e do meu passado.

Formei versos de rima metrificada
Para nuvens, lua e um namorado
Quieto, amuado, à lágrima atuada
Caída levemente em meu versado.

Escrevi para isso e o outro aquele
Às revoadas de seres lindos e alados
Saídos do papel, ou grafados na pele

Doei a dor ao papel (nos dois lados)
E sorri magnanimamente para ele.
Hoje somos ácaros em resmas, fardos...


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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

DA EVOLUÇÃO DOS MUNDOS



Vão-se os anos dos sorrisos fáceis
Em rostos tão afáveis e dóceis
Que por nada estavam prontos
A mostrar os dentes e outros fósseis.

O sorriso será apenas daquele
Que a verdade nos lábios trouxer
E que tenha o canto de mil pássaros
E só a beleza da pureza nele couber.

Montado em magnífico alazão
Virá Deus, à frente de tantos anjos,
Decretando (ao som das cornetas)
Sobre risos, alegrias, e o som dos banjos:

- “Música e felicidade só ao merecedor
E nesta Terra não será mais permitido
Haver sorriso sem sincero sentimento
Nem dentes a quem não tiver evoluído”.


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imagem: http://www.comoves.unam.mx/articulos/80_mundos/mundos2.jpg

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O AMOR ACALMA (A ALMA)


Bucólico meu dia, minha paisagem
Meu momento longe de mim mesmo
No íntimo, bem dentro da roupagem
Trancado em mim, vivendo a esmo.

Calmaria que acomete de passagem
Torna a introspecção minha morada
De mim para mim mesmo a viagem
De um segundo, do pulso à fachada.

Ruborizada seria agora minha feição?
Teria cor meu reflexo, minha imagem?
- Na fronte a suavidade dessa afeição

(Entre o estado da alma e a coragem
de ser feliz e encontrar a perfeição)
Quando o amor é minha blindagem.

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

SAUDOSISTA EXPRESSÃO (ENSAIO)


Expresso minhas palavras por palavras que não me vêm. Quiçá viessem sinais de compreensão, ou, quem sabe, um aceno com a cabeça?
Expresso minha máxima solidariedade aos carteiros, que não mais são esperados com a ansiedade das crianças em dia de natal. Um botão de curtir ou a tecla de enviar é quem frustra, gera a aflição, pela falta (ou não) de comunicação. E sofremos por meio de ondas eletromagnéticas.
Expresso meus pêsames aos saudosistas e àqueles como eu, que faz já mais de dez anos que aguarda por uma carta (selada, registrada e em mão própria) que contenha meu indulto, meu perdão; o documento firmado de próprio punho, com pingo de lágrima e assinado pelo coração. 



Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1BtcHirtmu2RAQsdK6WWVZECzQXqY8a2alNpRYnhM1EoCvljiBUF7D9Hf5A8Exz-qGFop0R8yhkkDjxCRtTCC2W2AZ973MvxJUeazLzI_8tJuCzn9ycoPdUm8h3MNP120pTpgpZqkxTg/s1600/044_correio03.jpg

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

CARMA NOSSO DE CADA DIA


Trago pesado em mim esse fardo
Que queima no fogo do passado
No inferno próprio que me ardo
Por toda dor que tenha causado.

O receio e o rancor que guardo
Aquecem a negrura desta alma
Que o perdão queda no aguardo
Na espera do amor que acalma.

Pesa-me o ponteiro dessa hora
– tempo implacável e dolorido –
Do futuro e do extenso agora

Não apaga a mancha do meu ido
Quando cada segundo demora
Jazo um século a mais ferido.

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Imagem: http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/img_poesias/46455_gr.jpg

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

MARMELADA NA HORA DA MORTE (MATA)


Com vigor o dente range
Primitivo instinto animal
Escoltado por sua falange
Marcha a tropa do mal.

Temida a vigorosa legião
Assombra a todo mortal
Impondo em sua missão
Derrubar a fé e a moral.

Os fracos postos em vão
Clamam buscar piedade
Juram tratar de ilusão

Tardam aceitar a verdade
Rezam a Deus por perdão
Quando já se faz tarde.

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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

SONHO IV


Chegou em mim despretensiosa
– como o poema que componho –
Toda sua terminação nervosa
Ramificada, do id até seu sonho.

Esse desejo contido que encharca
O verso que rimo e me exponho
Que me fere, profundo me marca
Que escorre do papel ao sonho.

Ah! Inconsciência da consciência!
Se sou real ou se sou um sonho
O lúcido da alma em confluência

Com as viagens em que me ponho
Vêm de você ou da sua essência
Nos unindo – eu assim o suponho!

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

NOTURNO


Acabei de me perceber assim, anoitecendo; a noite vem brusca, avermelhando a face envergonhada, para então, escurecer todos os pensamentos e, quando intensa, fazer-se verdadeiro aquilo que não se pode ver.
Estranho, entrementes, é saber-se lua e estrela, mesmo quando nublado. E nas vezes que se é tempestade noturna, que se é raio, luz, estrondo e medo (tudo ao mesmo tempo)?
Relâmpago? Reluzente com a rapidez de se sentir (fração de milésimo de segundo) do outro lado do dia; tão rápido que nem sei como foi que percebi que num momento eu era verso, no outro: inverso!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

SONATA EM SONETO


Equilíbrio em tudo, pois
Tem um significado certo
Que viver dividido, em dois
Passar frio mesmo coberto.

É o fio da alma e o corpo
Que vê a morte de perto
Doença sem seu anticorpo
Esperar pelo Deus incerto.

Desequilíbrio, desarmonia
Vibrar no mal em concerto
Marchar na fúnebre sinfonia

Não traz jamais a harmonia
Que se espera de peito aberto
Ver o Eu regido com eufonia.

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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS


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Por que, então, sinto essa fissão
Um tsunami e uma bomba H
Simultâneas, no mesmo Japão
Explodidas lá e sentidas cá?

Uma Itaipu e meia de tensão
O rebento das águas do Paraná.
- Abriram comportas em vão:
Suco de rivotril com maracujá.

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terça-feira, 13 de setembro de 2011

ARGENTINA ARGENTINA



O sorriso reside noutras terras
Habita vizinha planície pampa
Está mais além dessas serras
No sol que a bandeira estampa.

Os latinos olhos estão adiante
Esculpidos no cruzeiro do sul
Brilhantes, brilho cintilante
Abaixo do Rio Grande do Sul.

Pavilhão da pátria que a pariu
A língua que a cultura herdou
Nossa diferença assim definiu

Um nasceu aqui, outra lá voou
As cores todas desse meu Brasil
Refletiu nos olhos que iluminou.

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Foto: Edvaldo P. C. Netto (Casa Rosada - BsAs)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

WTC


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Duas torres paralelas
Fúria Kamikaze motivada
Aiatolá e a técnica ninja
Na jugular, com a navalhada.

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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

“FOI UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA”


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Luto, reluto, debato
Arrastado pelas águas
Afogo minha partida
Transbordo de lembranças...

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ENCHENTE NA CIDADE ALHEIA

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A gente se sente indefeso
(Chove dentro da nossa cabeça)
O sofrimento do próximo
Transborda nossa impotência.

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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

QUANDO SE FEZ A LUZ


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Eram as ilusões que afligiam
Mudou-se o foco (para 100w)
Mil velas iluminam meias verdades
- Ilusões eram apenas o combustível.

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

DAQUI NÃO SE LEVA NADA

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Um canteiro de ideias
Gigantesca obra inacabada
Projeto para uma vida toda
Pilar para próxima morada.

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PENSANDO SOB O GUARDA-CHUVA


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Correu na chuva o pensamento
Um cérebro encharcado de ideias
E a sensação (úmida)
De ter-lhe transbordado o sentimento...


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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

SUAS CARÍCIAS NOS MEUS SONHOS



Serei seu caso diante de todo acaso
E o apoio para o membro cansado
A muleta, bengala, apoio no descaso
Na parede a vida tiver lhe prensado.

Palavras soltas da boca para fora
Ficam depositadas no falso altar
Mas as que concretizamos agora
São as que põem coração a pulsar.

E lhe amarei sempre, mais, assim
Além da dor que esteja sentindo
Como se doesse também em mim

Pois até na dor nosso amor é lindo.
Em troca, seu jeito de me dizer sim:
Meigo olhar quando estou dormindo.


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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

NÓDOAS DO PASSADO


As manchas que o tempo não apaga
São como trincas no diamante duro
A fome que o copo d´água não afaga
A moeda que no meio tem um furo.

Tinta espessa, que está sempre fresca
Sempre úmida, como aberta a ferida
Que sangra e sacia a sede vampiresca
Do remorso e da sua faceta homicida.

Uma tatuagem para sempre no rosto
Delatando que a batalha é perdida
E a vergonha se impõe, contragosto,

Eternamente, para o resto da sua vida.
Faça o que fizer seu borrão será exposto.
Corra, grite! Não tem jeito, não há saída!


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Foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEkKDk59N5kJbnkEwD0i-PgtukC08NhXip2T8xUg8H4OYLjwL7fV9WJOdjZ36Ep6o6lXjOZY5wVb4BksGVGC5LmFN15B4rYq-ddJotlxIoAfVWmIPZOMlT8CKYLZCEqMBNDsnf0UDm3AuN/s400/Remorso-I.jpg

AO ESTADO AGITADO DA ALMA



Um senta e levanta sem fim
De ideias que vêm e que vão
Possuiu a caneta e a mim
E deixou o poema na mão.

Quem sabe falte inspiração
Ou versos tenha de sobra?
O tempo levou a intuição
E o ponteiro escreve a obra.

Punho agitado (“câmera; ação”)
Conflitando sua habilidade
Com os destroços do coração.

Nos indícios da ansiedade
Poema dedicado à agitação
Com sintomas de saudade.


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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

AONDE ANDA SEU SONHO?



Evoquei sua alma por um segundo
Implorando desdobrasse desse corpo
(corpo que já me tirou do mundo)
E viesse me curar, meu anticorpo.

Pensei pudesse estar já dormindo
E quem sabe – por aí – vagando
Entre borboletas, para mim vindo
Sorridente por estar lhe chamando.

Sonhos de caminhos tão diversos
Tornaram essas vidas tão opostas
Não rimaram mais nossos versos

Voando para longe minhas propostas
Meus fluídos vagando por aí dispersos
E minhas perguntas sem respostas.




Foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy4kO54fbM0kfB0V1LTYTmy7L2r0V0n3COo5SMIRw5Elqskmx5A4OX1nv-f6ejZSeI_vZx4f9w_Iy2iygNzEPU3RBYj7Kkiif_UVPJCCpbJVWarEe768RQv8VjtmYdnuKgK2vWsna7aICQ/s400/tgt.jpg

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

EMPIRISMO NIILISTA





Não! Nunca mais deixarei que zombem
Que domine o mundo a insensibilidade
Que mil cores dos meus olhos roubem
Caçoem desses instantes de felicidade.

Não mais! Nunca mais de mim tirarão
A esperança vista nos verdes lugares
Ou nos locais sem cor, de escuridão
Belos, feios, feios-belos, ou vulgares.

Jamais o mundo será visto novamente
Com os olhos que eu via no passado
Insensível à essência, que puramente

É parte de um Todo – nosso Pai amado.
Nunca! Jamais ocupar-me-á a mente
O empirismo niilista que havia me cegado.


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terça-feira, 9 de agosto de 2011

HOJE CEDO

Era doce a chuva lá fora
Hoje cedo, ao acordar
Quando perdia já a hora
Afável breve espreguiçar.

Sons de bela sintonia:
Calha tocada a pingos
Pulsante linda sinfonia
Coração batendo gingos.

Tinha um toque no ar
Som de chuva e sonho
Juntos, postos a reger

A cama leve a valsar
Neste momento risonho
Do musical amanhecer!





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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

ALMA DE MULHER


Ah! Quando souberem os homens
Da beleza que há na alma da mulher!
Nunca mais, digo nunca! Não mais
Pensaria em coxas e entre-coxas...
 
O charme da alma amamentando o filho
A bela pose da alma cuidando dos enfermos
As curvas acentuadas de sua natureza
No momento em que chora por amor...

Olhos masculinos que vistam matéria
Tatos que apalpam pele, carne, osso...
Coisas que a terra um dia há de comer!

Visse o homem a beleza da alma da mulher
Jamais esqueceria; como não se esqueceria
Jamais de dizer o quanto dela é grato.

...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

SEU BEIJO

Tudo era como o solo duro de geada
Até que sua boca de fada assoprou
Nesse rosto uma esperança nova
Aquecendo as manhãs e meus pés.

Passavam pássaros e se perdiam no céu
(as nuvens engoliam e mastigavam tudo)
Antes de você não havia a luz do azul
As minhas tardes eram o cinza e as nuvens.

Toque mágico de bruxa, lábios úmidos
Delicadamente orvalhados pelo entardecer
Sem palavra acalentaram um coração seco

Minhas noites passaram a ser doces;
O doce encanto de imaginar-lhe minha
Para sempre aquecendo minha vida.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

PRÓLOGO


O que contém nessa obra
É fruto de muita imaginação
Ideia inteira ou a sobra
Dos cacos da ilusão.

Contém aqui algo real
Como belas borboletas
Lua sempre cheia e leal
A iluminar umas falsetas.

Poeta pintando poesia
Maquilando o verde olhar
Com o blanche sério da ironia
Sem as lágrimas lhe borrar.

Há papel, há tinta e há fogo
Muita mentira e alguma razão
Mudança na regra do jogo
E jogadores sem competição.

Àquele que não sabe e não viu
Fica desde já a advertência
Que o poeta de si fugiu
E agora é a sua consciência.

Ciente que então está
Parta à página futura
Viaje agora, desde já:
Boas lágrimas, boa leitura!

X.X.X

terça-feira, 26 de julho de 2011

POSSIBILIDADE QUÂNTICA



Porque é em mim está em tudo
Quando sou tudo e sempre mudo
Sem qualquer forma de percepção
Já que espaço e tempo são ilusão.

Sou o nada conquanto sou vazio
Arremesso elétrons e me esvazio
Flutuo no espaço, na possibilidade
De quem sabe ter sido de verdade.

Quantas vezes, então, eu serei
Para ser de fato o que eu sou?
Quantas ondas eu me surfarei

Em mim mesmo, ou eu mudarei?
O meu interior que agora ecoou
Em tudo, em mim, onde eu vou?


...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

SABIÁ-LARANJEIRA


Madrugada de piadeira
Falta faz nesse inverno
Noitada em que emberno
Lindo Sabiá-Laranjeira.

Ave símbolo dessa nação
Comum em toda cidade
A todos causa felicidade
Seus arranjos de paixão.

Pássaro belo de encanto
Grande e forte linda ave
Canta-nos seu pio suave
Anuncia calor ao recanto.

Um ano todo em espera
Pela estação das flores
Pelo canto dos amores:
O início da primavera.



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sexta-feira, 8 de julho de 2011

IPÊ-AMARELO II



Já transborda a alegria em mim
Ansioso tanto fico com as flores
Só em pensar no inverno e seu fim
No colorido encantador de amores.

Quase as sinto amarelas no galho
Secos galhos (todavia tão fecundos)
Fortes à geada, irrigados de orvalho
Genitores de sentimentos profundos.

Pela frente falta ainda um mês
Até que cesse essa onda de frio
Até que brote lindo o que se fez

Até que em mim preencha o vazio
E elas me toquem mais uma vez
Encham o peito, me deem arrepio.


Créditos da imagem:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiB_nYRzs6QeE1I6oiHNEzr8CgIHxbaJRvykcSF3QknC-DyGGZR4rqh3LEnJwcXa5cQonJud8dRYsjFHYQXOVMu3kTeQRENrfEURq48-oyYxlZTEcPxsjFTnvSjlZdbL6xs-i-fcbwPoGTg/s1600/ipe+amarelo_G.jpg
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terça-feira, 5 de julho de 2011

PROCURA-SE

Procura-se alguém que escreva
Sem necessidade de diploma em letras
Mas as letras, essas tem que conhecer
Com licenciatura para diplomá-las.

Procura-se alguém que rime
Que tenha uma memória de elefante
- podendo ser um elefante –
Desde que o repertório seja gigante.

Procura-se por um alguém que chore
Um Ser que tenha especial sensibilidade
Emocione-se vendo filme, ouvindo música
Ou esteja arrumando a gaveta de meias.

Procura-se, sabe-se lá Deus quem
Se homem ou mulher, gordo ou magro
Mas que, como eu, divague...
...mundo a fora procurando por beleza.

Um poeta, uma poetisa
Um sonhador sentimental,
uma contadora de sentimentos...


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quarta-feira, 29 de junho de 2011

BEM MAIS DO QUE GOZAR




Entre o edredom e a fronha
Despindo-se ávido ofegante
Coisas de causar vergonha
Passado momento delirante.

Entre nós, meu corpo e o seu
Repousa calmamente o nada
Se já sou seu e seu eu é meu
Somos a única parte de cada.

Êxtase elevado sendo aturado
Carga máxima da eletricidade
Fissão atômica desse mesclado

Órgão pulsante na saciedade
Além da matéria e seu estado:
Dois delírios de sublimidade.



Foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7f-zi73aQj0qcI89mMgG1dHAr9XT_E9AYxSfRNpRHhGHKQRbe5C0XGKz1_GV2TeVYDJO7SiBLy3RatKM0nU_g8a4-J9-Ti1gT8D139DqhGxjAG0Dt31xIO540wJ-QKiDgGC-dEtOOR5ue/s1600/erupcao-vulcanica.jpg

GAROA


Latente, cai silenciosa a garoa.
Dizem: “uma tal de molhar bobo”!
Abobados ou bestificados
Molhados ficamos todos.

A garoa é a chuva que não caiu
Não queria ser chuva,
Nem tão somente ar
Queria ser gota, voar e molhar!


Foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCEbaRImevRp3hYkTFChbLdH4VyEFoQeIXc9dGwOyovfrPV-O92fmWzs7JBX204hkVgP26RNR4xNGNvwx8SwB84kaeAVyDVhRcHONgEZ2i1cWXWkYHSnbWmsNMx7ySXc7LOOMziQVIeWlr/s320/DSC09253.JPG

DA PRISIONEIRA ENCARNAÇÃO

Hoje o céu lá fora está mudado
Não tem mais o azul de ontem
Nem a luminosidade
Ou a claridade que detinha
(anda apagado o zimbório terreno).

Hoje, lá fora,
Tem algo diferente
Além da cor do céu...

Um lamento jaz aqui!

Nem ontem, nem hoje
Atravessei a barreira da janela
Nem fui a pé até aqueles verdes montes

Não passei do vidro dos meus olhos...
...não flutuei para perto do céu.


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terça-feira, 28 de junho de 2011

PINTURA DE PAISAGEM



Com que ângulo vejo
Avisto a vida da janela
Ou detenho-me no muro sem vida.

Um pinheiro ao longe
Telhado carecendo pintura
Fios de alta-tensão
A tensão da mais alta angústia.

A vida corre lá fora
A vista vai dali até ali...

O céu, todavia,
Dá espetáculos diários de roupagem
(camaleão celeste!).

Descrevo o que vejo
Conforme o ângulo que enxergo.

O leitor... bem, o leitor que imagine como quiser!


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segunda-feira, 27 de junho de 2011

DA VIDA IRREAL


Canta-se em estradas sinuosas
Músicas de roda, canções de ninar
Desde fadas a bruxas monstruosas
Faz-se fantástico o caminho a trilhar.

Frente à igreja de luzes reluzentes
Acelera-se, ritmando as canções
Dragões impõem-se com seus dentes
Em dilacerar sorrisos e emoções.

Anda-se e se corre por demasiado
Vive-se muito além do sensato
Num mundo colorido e enfeitado

Contra a ânsia, inda não vomitado
Na tangência, sentimento mediato
Sem com o asfalto se ter contato.




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quarta-feira, 22 de junho de 2011

DOIS


Teoricamente, só dois bastam
Dois versos em dois segundos
Tão próximos que se afastam
Para se unirem de tão fecundos.

Dois movimentos, duas ações
Dois corpos formando um só
Sem fronteiras, nem repartições
Um concerto de Vivaldi em dó.

Teoricamente bastam só dois
Um segundo agora, um depois
Uma vida vivida por inteiro

Com seu par, com seu meeiro
Já que bastariam apenas dois
Eu e você num só paradeiro.


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segunda-feira, 20 de junho de 2011

ARAUCÁRIA



Araucária em fim de tarde
É abertura desenhada no céu...

O céu, ao fundo,
Ruborizado,
Apaga-se lentamente.

Não saberia dizer se ferido pela contundência
Ou se envergonhado frente a tamanha beleza.



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ARCO-ÍRIS

Atravesse o céu
 - lado a lado –
Em uma grande parábola
Um convexo movimento.

Deslize até o pote de ouro
E se esbalde neste rico mergulho.

Seja a luz
Seja a cor
Seja o reflexo.

Em mim seja a gotícula da chuva
Em mim penetre sua luz
Em mim, a possibilidade de rodar o céu.




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terça-feira, 7 de junho de 2011

INFINITO



O tamanho do segundo
Frente a esse mundo
É como a breve hora
Por todo universo a fora.

Nossos anos já vividos
São breves sonidos
Ondas do som solar
No universo a atravessar.

E a gente acha bastante
Esperar por um minuto
Impacientar todo instante

Sem pensar no absoluto
Quanto tudo é gigante
Infinito, onde se é soluto.



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TROVA CELESTIAL


Do alto as vozes alvoroçam
Canções e melodias celestes
Poetas terrestres as trovam
Bons sons nos vêm agrestes.

Anjos que sopram nos ouvidos
Da medianeira bela escritora
Fazem-se em músicas e sonidos
Pela manhã, desde a aurora.

Cântico regido por macias mãos
Dá vida, põe pinha na araucária
Traz à terra o broto dos grãos
Umedece a árida vida agrária.

Vem de cima e sopra agora
Os cantos e as rimas de Deus
No papel, ou pelo mundo a fora
Toda esperança que Ele nos deu.

sábado, 4 de junho de 2011

POEMA DAS NUVENS



Todos são, em verdade, poetas,
Mas, veja, nunca o assumem!
É como esconder suas facetas
Em tantas formas de nuvens.

Admitir um sentimento sublime
Face aos gracejos do preconceito?
Rá! Diga lá aquele que assume
Ser pai do verso, de tê-lo feito...

E as nuvens vão alterando a forma
E os versos engavetados quedam
Eternizados na folha que lhes adorna
Forma única para sempre enredam.

Mas e daí? Ser poema de gaveta!
Não ter pai, nome e assinatura?
As nuvens se desfiam feito careta
E vão tomando sua forma futura.

Os poetas de nuvens seguem
O caminho das formas diversas
Nos versos em que se neguem
A si, ao texto, na nuvem dispersa...


XXX...XXX

segunda-feira, 23 de maio de 2011

TAL QUAL MATE AMARGO


 
O aroma inconfundível da erva mate
E o final amargo paladar
A cuia e suas curvas
Penetrada pela bomba longa
E o sugar? - Seria intenso!
Não fosse intenso o calor...
Matas verdes intocáveis prazeres me dava.
- Ahhh, não fossem as tantas bocas!


x.x.x.x.x.x

SEDENTO

Sinto sede de me versar
Jorrar o saber em fontes
Ver minha alma cantar
Migrar leve ao horizonte.

(Sede implacável resseca
A garganta que arranha
Recitando palavra seca
- Alma que não se banha!).

Quero derreter em verso!
Tomar conta do papel
Pôr-me no fundo, submerso

Nas entranhas do cordel
Sinto sede de universo
Postar-me nuvem no céu.


.X.X.X.

GRITO ESCONDIDO NO ESCURO



Grito escondido no escuro
Quando ninguém verá
À vista do futuro
De quando a luz acenderá.

Eu, na treva, alheio a tudo
Com o som torto na garganta
De tão escuro, quedo mudo
Ansiando a hora que acalanta.

Ecos que soam e ressoam
Em paredes sem tinta, sem cor
Refletirão gritos que voam
Na alegria, na tristeza e na dor.

Grito escondido minhas cruzes
Deleitando-me, pois sumiu!
- E quando acenderem as luzes
Um grito só: ninguém viu!


xxx....xxx

quarta-feira, 11 de maio de 2011

E DAÍ?



E daí se hoje amanheci romântico?
Ou se simplesmente não amanheci, quando nem acordei
Quando vivo o sonho de ser e estar em extasiante contentamento.

A quem importa que de mim raie o amor
E que este transcenda a todo o canto?
E que esse canto esteja então irradiado de mim?

A mim apenas é válido não sofrer de qualquer tormenta
E ter meu estado de espírito, digamos, espirituoso...
Afinal, e daí?

E daí eu lhe digo, amigo, amiga, que a irradiação é infecciosa
E o problema passa a ser seu também.
E daí? E daí se por minha causa houver mais um romântico no mundo?

...o mundo amanheceria feliz...

Mas e daí?



xxx...xxx

VOCÊ


E eu canto hoje porque hoje é
Porque sua presença me apraz
Porque ao seu lado tudo afaz
Porque simplesmente você é.

Eu sou e você é; é ser, é benção
É o som que acalma, acalanta
É a água que limpa e que canta
A fonte que jorra paz e perdão.

Eu sou/estou porque está você
Porque de você vem minha paz
Porque tão bem para mim faz
Grato lhe sou pela sua mercê.