quarta-feira, 31 de agosto de 2011

NÓDOAS DO PASSADO


As manchas que o tempo não apaga
São como trincas no diamante duro
A fome que o copo d´água não afaga
A moeda que no meio tem um furo.

Tinta espessa, que está sempre fresca
Sempre úmida, como aberta a ferida
Que sangra e sacia a sede vampiresca
Do remorso e da sua faceta homicida.

Uma tatuagem para sempre no rosto
Delatando que a batalha é perdida
E a vergonha se impõe, contragosto,

Eternamente, para o resto da sua vida.
Faça o que fizer seu borrão será exposto.
Corra, grite! Não tem jeito, não há saída!


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AO ESTADO AGITADO DA ALMA



Um senta e levanta sem fim
De ideias que vêm e que vão
Possuiu a caneta e a mim
E deixou o poema na mão.

Quem sabe falte inspiração
Ou versos tenha de sobra?
O tempo levou a intuição
E o ponteiro escreve a obra.

Punho agitado (“câmera; ação”)
Conflitando sua habilidade
Com os destroços do coração.

Nos indícios da ansiedade
Poema dedicado à agitação
Com sintomas de saudade.


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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

AONDE ANDA SEU SONHO?



Evoquei sua alma por um segundo
Implorando desdobrasse desse corpo
(corpo que já me tirou do mundo)
E viesse me curar, meu anticorpo.

Pensei pudesse estar já dormindo
E quem sabe – por aí – vagando
Entre borboletas, para mim vindo
Sorridente por estar lhe chamando.

Sonhos de caminhos tão diversos
Tornaram essas vidas tão opostas
Não rimaram mais nossos versos

Voando para longe minhas propostas
Meus fluídos vagando por aí dispersos
E minhas perguntas sem respostas.




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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

EMPIRISMO NIILISTA





Não! Nunca mais deixarei que zombem
Que domine o mundo a insensibilidade
Que mil cores dos meus olhos roubem
Caçoem desses instantes de felicidade.

Não mais! Nunca mais de mim tirarão
A esperança vista nos verdes lugares
Ou nos locais sem cor, de escuridão
Belos, feios, feios-belos, ou vulgares.

Jamais o mundo será visto novamente
Com os olhos que eu via no passado
Insensível à essência, que puramente

É parte de um Todo – nosso Pai amado.
Nunca! Jamais ocupar-me-á a mente
O empirismo niilista que havia me cegado.


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terça-feira, 9 de agosto de 2011

HOJE CEDO

Era doce a chuva lá fora
Hoje cedo, ao acordar
Quando perdia já a hora
Afável breve espreguiçar.

Sons de bela sintonia:
Calha tocada a pingos
Pulsante linda sinfonia
Coração batendo gingos.

Tinha um toque no ar
Som de chuva e sonho
Juntos, postos a reger

A cama leve a valsar
Neste momento risonho
Do musical amanhecer!





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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

ALMA DE MULHER


Ah! Quando souberem os homens
Da beleza que há na alma da mulher!
Nunca mais, digo nunca! Não mais
Pensaria em coxas e entre-coxas...
 
O charme da alma amamentando o filho
A bela pose da alma cuidando dos enfermos
As curvas acentuadas de sua natureza
No momento em que chora por amor...

Olhos masculinos que vistam matéria
Tatos que apalpam pele, carne, osso...
Coisas que a terra um dia há de comer!

Visse o homem a beleza da alma da mulher
Jamais esqueceria; como não se esqueceria
Jamais de dizer o quanto dela é grato.

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terça-feira, 2 de agosto de 2011

SEU BEIJO

Tudo era como o solo duro de geada
Até que sua boca de fada assoprou
Nesse rosto uma esperança nova
Aquecendo as manhãs e meus pés.

Passavam pássaros e se perdiam no céu
(as nuvens engoliam e mastigavam tudo)
Antes de você não havia a luz do azul
As minhas tardes eram o cinza e as nuvens.

Toque mágico de bruxa, lábios úmidos
Delicadamente orvalhados pelo entardecer
Sem palavra acalentaram um coração seco

Minhas noites passaram a ser doces;
O doce encanto de imaginar-lhe minha
Para sempre aquecendo minha vida.