segunda-feira, 2 de abril de 2012

AFOGAMENTO POR FALTA DE INSPIRAÇÃO




Deixou-me seca a garganta
Marrenta falta de talento
Quando jaz já o verbo infinitivo
Perdido, vagando, rumo ao infinito...

Poeta sem filho e sem lar
Saltimbanco de temas esfarrapados
Tornei-me mendigo de mim mesmo
De versos submersos em poças d’água.

Parei ainda na página oito
Em nó de número, cãibra de faringe
Para ver de longe o abandono
Das palavras que nunca foram minhas.

Ébrio, acenei de longe, ao além
Sem resposta, entretanto!
A palavra já era muda, surda
E completamente desprovida de educação.

Dias ingratos de inglórias
Quando a caneta me falta o fôlego
Como nadar e morrer na praia
Como morrer na beira da página...

...no precipício do fim da linha.



...