quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O AMOR II


O amor como deveria ser?
Quem disso então saberá
Se depende de quem ver
Como e do que enxergará?

Amor não se mede, amigo
Ele é aferido pelos sentidos
Daquele que lhe dá abrigo
E é sensível aos seus fluídos.

O amor mesmo verdadeiro
Aquele amor que se busca
É o que não exige do parceiro
Todo o fogo, só o chamusca.

O amor, que eu melhor vivi
Foi daquele que não mede
Apenas cede, se basta em si
Só ama, per si, nada pede.

GRAVIDEZ


Desde que sua mãe ficou grávida
Ele se tornou meu único amor
Como eu poderia conceber vida
A um ser tão perfeito, Senhor?

Veio e nunca me disse o motivo
Nem mesmo sequer satisfação
Dele me tornei totalmente cativo
E como faria para dizer que não? 

E eu não podia lhe recusar nada
E nunca nada podia a ele faltar
Ao sujeito da gravidez indesejada

Esse meu anjo eu vi rebentar.
Tornei-me escravo da chegada
Que Deus brindou sem contar.

POEMA IMORAL



Acosto meu corpo de ideias
Na sua mente insana
Aguardando nossas estreias
Nesta tragédia da vida humana.

Ah! Atrevo-me e faço
Escrevo em você cada linha
Desse poema que traço
Por toda sua espinha.

Entramos em cena
Em atos e atos de sarau
Tocados pela leve pena
De prazer em elevado grau.

E você vem e me pergunta
Se eu lhe amaria em poema?
Basta sentir minha perna junta
À sua na linha, no texto, no tema.

Ah! Sim, faço, fiz, farei
Não apenas faria!
Concordância nominarei
Poema em você todo dia!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

CHUVA DE VERÃO


Dia como esse é tão lindo!
O sol e a chuva no poente
O cheiro da tormenta vindo
Coluna d´água vem à frente.

A cidade é lavada pelo dilúvio
Que varre as ruas poeiradas
Enquanto o sol fura o alúvio
Com suas réstias iluminadas.

Trovões e raios suntuosos
Anunciam o brio celestial
De um dia assim ocasional

Desses verões tão chuvosos
Nos propõem os prazerosos
Momentos de um temporal.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

ORQUIDÁRIO

As orquídeas adoeceram
No mesmo dia que eu
Suas pétalas escureceram
Eu me envolvi pelo breu.

As folhas secaram lentamente
Como a passo me acometeu
Os caules flexionaram a frente
E o meu corpo endureceu.

De lá para cá é assim:
Todas as vezes que adoecem
Minhas flores no jardim
Dores cá no peito me florescem.

Desde aquela doença
Triste no orquidário
Rego água da esperança
E adubo com amor diário.

OLHAR


Exemplo fascinante da beleza
É o olhar penetrante daquela
Que seduz com sua firmeza
Num leve piscar, uma olhadela.

Fundo alcança as entranhas
Olhar refletido, contundente
Corrosivo, corta as espinhas
Tornando só o que se sente.

Amargurado, quiçá apaixonado
Mundo a fora se põe a correr
Por não saber em que estado

Deveria esse olhar compreender
Se físico ou se espiritualizado:
Olhos que a terra há de comer!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

LUMINOSO


Talvez eu possa escrever um poema
Tão brilhante quanto os olhos dela
Que seja ao mesmo tempo o tema
De uma tela, fascinante aquarela.

Quem sabe pudesse homenageá-la
Com os versos mais tenros e doces
Ao paladar comovido então beijá-la
Enquanto perfazemo-nos em poses.

Eu poderia, quem sabe, cobri-la
De metáforas o corpo, entintá-la
Tornando-a um livro muito famoso

No qual calmamente ao folheá-la
Poderíamos ler seu lado amoroso,
O poema seria luminoso, luminoso...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ORQUÍDEAS


Sensibilidade aflorada
Literalmente
Quando se vê a florada
Que nos impõe anualmente.

De um belo
Maior do que a beleza
Vai do amiúde e singelo
Às coroas da realeza.

É a flor da vida!
Por pensar que tem gente
Que ainda duvida
Que ali Deus faz presente!?!?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

POEMA


Acordei decidido, ainda a pouco
A não por ideia alguma no papel
Não levar à frente anseio louco
Do poema agora não ser fiel.

E realmente não o irei fazê-lo
Pois da poesia acordei de mal
Por causa dela tive o pesadelo
De ter tido uma noite normal.

Poema, de mal com você estou
E de você distante eu ficarei
Hoje, tão somente hoje, vou
Imputar-lhe punição de Lei.

Condeno-lhe, meu poema tolo
A nada dizer, já que nada sonhei
Mas deixo-lhe, porém, o consolo
De que amanhã lhe escreverei.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ÚLTIMO POEMA




Não pretendo deixar de escrever
Nunca, se não em uma só ocasião
No caso de fúnebres versos tecer
De compor um bolero sem refrão.

Nunca mais na vida uma tristeza
De um luto viria me assombrar
Pois teria o destino uma certeza:
Da poesia ao céu com você levar.

Poemas estarão, neste ermo dia
Dançando nos céus as canções
De uma feliz letra, da sintonia

Do toque dos nossos corações
Com a harmoniosa bela melodia
Poesia não mais, só faria orações.

NOSSO AMOR

NOSSO AMOR

Em algum momento ficou preso
O gesto natural, simples e puro 
Que nos uniu singulares e coesos
Estado de um sentimento maduro.

Ficou no ar aquele gesto ardente
O cheiro do sexo que nos pulsava
Que em nós permanecia latente
Até o momento em que se olhava.

Ficou no passado esta paixão breve
Sepultada em peitos que não mais
Assentem para conjunções carnais

Que não venham da condição leve
Do olhar doce, poema que descreve
A intensidade dos sentidos naturais.


NOSSO AMOR II

No início o gesto casto
O não saber se pode
Não saber quão vasto
Anseio que explode.

E o aceno vai soltando
Os corpos relaxados
Olhares vão ditando
Os caminhos liberados.

A noite vai seguindo
As portas são abertas
O prazer que vem vindo
Das atitudes libertas.

Nesta toda paixão
Um olhar penetrante
O êxtase da emoção
Nosso amor delirante.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

MAR II




Quantos suspiros já arrancou o mar
Na sua imensidão exuberante?
A jovem moça interiorana a avistar
Pela primeira vez este gigante...

Reação nos namorados a despertar
Mil batidas mais no coração amante
Mil outros estômagos se esfriar
No primário encontro fascinante.

Quantos amores sua onda refrescou
Nas manhãs, nos belos amanheceres
Que somente frente ao mar ocasionou?

Quantos suspiros de paixão e prazeres?
E quantas almas consigo já carregou
Fazendo tristes homens e mulheres?

(na foto jangadas da Praia de Pajuçara, em Maceió, Alagoas)

NATUREZA



Intermináveis são os caminhos
Desse planeta bonito sem fim
Em cada esquina, cada cantinho
De Deus a morada e o jardim.

Assim cheios de vida, de cores
Com os montes e as planícies
A saltar aos olhos seus verdores
Que escorrem pelas superfícies.

Espanta-nos cada nova beleza
Uma praia e as cores das areias
A água, verde-azulada, a pureza

Ou montanhas em belas cadeias
Imponentes com toda grandeza
Pulsa-nos forte o sangue nas veias.

(na fotografia a Barra do Rio Camboriú, na cidade de Balneário Camboriú - SC, minha segunda morada, meu refúgio, segundo amor).

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

MAGIA MÓRBIDA


Tentativa de uma obra trágica
A mim pareceu ter se realizado
Mil drágeas, um passe de mágica
O coelho da cartola desesperado.

A varinha de condão e sua luz
Traz toda a paz antes almejada
Quando a sinistramente aduz
O mago; sua vontade realizada.

Mil aplausos àquele ato tentado
O choro contagiante das crianças
Ao circo da vida, teatro encenado

À sua música e toda a sua dança
Pois a magia no objeto ocultado
Nunca sairá de nossa lembrança.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

SEU CHEIRO



Respiro o mel que vem da sua boca
O aroma das noites de aconchego
No meu corpo, sua mão que me toca
Seu delicioso odor, meu chamego.

Viajo as viagens nunca antes havidas
Só por sentir o cheiro do seu hálito
Nas noites que se ocultam contidas
As sensações pelas quais fico aflito.

Você é aquela por quem me entrego
É aquela por quem passei a respirar
A que me ensinou o que se é amar

É a pessoa para quem nunca nego
Um carinho, é quem me deixa cego
Que sigo no mundo todo a farejar.


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

NOITE TRANQUILA II



Noite de um negro denso, escuro
Do sonho não havido, inexistente
Que parece vir, mas falha na mente
Ao verificar se bondoso ou impuro.

Noite da escuridão da minha paz
Da falta de lembrança de algo mau
Do rompimento ao piado do pardal
Anunciando um dia belo e apraz.

São suntuosas as noites não havidas
Que finalizam antes de escurecer
Diante das pálpebras ora possuídas

Pelo sono tão pesado que irá romper
Os fantasmas das noites esquecidas
Em um belo, lindo, novo amanhecer.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

SONETINHO DA VAGA LEMBRANÇA

Engraçado, eu acho graça
Do sonho com alguém
Que nem dá mais a graça
Já passou, foi aquém.

Morro de rir com isso
Pois que jaz na memória
Algo ainda omisso
Um indício de história.

Mas de onde a fantasia
De sonhar com tal jovem
Que só me teve apatia

Tratou-me com desdém
Fugiu-me em demasia
Mas que em sonho vem?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

RESTOS




Borboletas que pelo ventre voam
Colorem a paz de uma vida gerada
Ruflam asas, que soam e ressoam
Entranha oca, vã, agora aerada.

Mortos insetos pelo balão levados
Ao céu que entregará as carcaças
Desses seres imóveis e entrevados
A treva lhes buscará como à caça.

Mágoas de uma bela e linda criança
Restos das linhas antes desenhadas
Tinta do amor outrora grafadas

Para sempre lhe serão a herança
Traços de lembranças amaldiçoadas
Linhas que nunca serão apagadas.