sexta-feira, 13 de agosto de 2010

MARÉ NOSSA DE CADA DIA



No céu, gigante, imponente, faz-se bela a lua cheia
Estrelas ofuscadas reclamam: - Egoísta!
Faz do céu uma grande ritmada poesia
Rimando-se às sobras dos corpos noturnos.
Ilumina o etílico andar da boemia
- proteção necessária que cambaleia.
Até adentra quadriculada na cadeia!
Crescente, dá esperança
À agonia
É tinto vinho da santa ceia
Novo sangue pulsa na veia
Daquele que sofre,
que peleia.
No céu ao meio-dia
Gera espanto indecifrável
Indefinível.
Afinal,
Como pode?
Luar no meio do dia?
Nova é a lua invisível ao olho humano
Maré que levanta e baixa com metros de luar
- ou de saudades -
O vai e vem que não se sabe donde vem.
Escuridão, trevas e contentes estrelinhas sorridentes!
Minguante da desesperança
O negro aproximado
Escuro que virá
O salário minguando
A fome que ronda.
[...].
Vinte e nove dias de uma eterna reprodução.
A vida segue, marés sobem, descem, param.
E ninguém se importa com a solitária luazinha
Sozinha,
tão longe,
lá no céu.

(edvaldo pereira dos campos netto)

4 comentários:

  1. Fascínio de Lua! A nossa Lua, a mais bela de todo sistema solar. Nem Fobos, nem Deimos, nem Ganymède,nem Io, nem Callisto, tão pouco Europa... A nossa Lua é a mais bela e poética.
    ****
    “No céu, gigante, imponente, faz-se bela a lua cheia”

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  2. "lua bonita, se tu não fosses casada, eu preparava uma escada, pra ir no céu te buscar..." (raul seixas).

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  3. Frio o sagrado coração da lua,
    Teu coração rolou da luz serena!
    E eu tinha ido ver a aurora tua
    Nos raios d'ouro da celeste arena...

    E vi-te triste, desvalida e nua!
    E o olhar perdi, ansiando a luz amena
    No silêncio notívago da rua...
    - Sonâmbulo glacial da estranha pena!

    Estavas fria! A neve que a alma corta
    Não gele talvez mais, nem mais alquebre
    Um coração como a alma que está morta...

    E estavas morta, eu vi, eu que te almejo,
    Sombra de gelo que me apaga a febre,
    - Lua que esfria o sol do meu desejo!
    ***

    Augusto dos Anjos "Coração Frio"

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  4. "Que haverá com a lua que sempre que a gente a olha é com o súbito espanto da primeira vez?" (Mário Quintana).

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