Ataque esses olhos que vigiam
Secam minha úmida face
Fere, mate os que agiam
Contra mim – e me abrace!
Dê-me a amizade mais pura
A sua força interior, a dor
Que sente e a muito dura
Neste olho triste, sem amor.
Esfole todo inimigo meu
E defenda-me do mau anjo
Traga de volta o mar e o céu
Tornando-se meu arcanjo.
Depois, saciado e vingado
Cuspo os cacos do que sobrou
Na cruz o seu corpo pregado
Ateio fogo em si, que me vigiou.
"Depois, saciado e vingado
ResponderExcluirCuspo os cacos do que sobrou
Na cruz o seu corpo pregado
Ateio fogo em si, que me vigiou."
É por isso que eu sempre digo
Não peça nada a ninguém
Pois até mesmo um amigo(ou inimigo)
Só pode dar aquilo que tem.
Excelente observação. O poema foi baseado em Augusto dos Anjos. Na ingratidão.
ResponderExcluirVês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Eu logo vi, até ia colocá-lo em seguida, mas estava com pressa!
ResponderExcluirEu amo e odeio esse poema do "Augusto dos Demônios". Sei recitá-lo de cabeça, palavras por palavra. Adoro a expressão no rosto das pessoas quando falo esses versos tão fortes.
Augusto dos Anjos é demais, às vezes eu tenho vontade de pegar uma faca e arrancá-lo da minha perna tatuada, seu rosto indiferente de quem tudo sabe, mas no fundo sou sua grande fã. Além do mais, ele só dava aquilo que tinha para dar. Escarrava porque não tinha beijo. Esse poema é totalmente antagônico a mensagem de Jesus, que dizia para dar a outra face a quem tem fere.
Mas quem sabe Jesus também só foi mais um poeta...