segunda-feira, 8 de novembro de 2010

CÂNTICO À MINHA MORTE


Culpa os pássaros não tiveram
Quando deram causa à insônia
Em amanheceres que me deram
Grau sonâmbulo de santimônia.

Não! Nenhum ser agiu com dolo
Só o ato internamente praticado
Lançou esse corpo abjeto ao solo
À escuridão onde será enterrado.

Já que vida não há nessa carcaça
Venham os pássaros e lhe biquem
Arranquem carne com riso e graça

Instrumentos musicais toquem
Chuva inunde o velório em pirraça
Piem aves e como eu se afoguem.


(na imagem "El Velorio", de Diego Rivera).

Um comentário:

  1. Ah, Diego Rivera, se você não tivesse tido Frida como esposa eu lhe dedicaria mil poemas. Mas ela era a arte viva, a essência, a poesia.
    Ao comunista que pintou o rosto de Lênin no saguão do Rockefeller Center, em Nova York, fica a minha homenagem.

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