quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O AMOR ACALMA (A ALMA)


Bucólico meu dia, minha paisagem
Meu momento longe de mim mesmo
No íntimo, bem dentro da roupagem
Trancado em mim, vivendo a esmo.

Calmaria que acomete de passagem
Torna a introspecção minha morada
De mim para mim mesmo a viagem
De um segundo, do pulso à fachada.

Ruborizada seria agora minha feição?
Teria cor meu reflexo, minha imagem?
- Na fronte a suavidade dessa afeição

(Entre o estado da alma e a coragem
de ser feliz e encontrar a perfeição)
Quando o amor é minha blindagem.

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

SAUDOSISTA EXPRESSÃO (ENSAIO)


Expresso minhas palavras por palavras que não me vêm. Quiçá viessem sinais de compreensão, ou, quem sabe, um aceno com a cabeça?
Expresso minha máxima solidariedade aos carteiros, que não mais são esperados com a ansiedade das crianças em dia de natal. Um botão de curtir ou a tecla de enviar é quem frustra, gera a aflição, pela falta (ou não) de comunicação. E sofremos por meio de ondas eletromagnéticas.
Expresso meus pêsames aos saudosistas e àqueles como eu, que faz já mais de dez anos que aguarda por uma carta (selada, registrada e em mão própria) que contenha meu indulto, meu perdão; o documento firmado de próprio punho, com pingo de lágrima e assinado pelo coração. 



Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1BtcHirtmu2RAQsdK6WWVZECzQXqY8a2alNpRYnhM1EoCvljiBUF7D9Hf5A8Exz-qGFop0R8yhkkDjxCRtTCC2W2AZ973MvxJUeazLzI_8tJuCzn9ycoPdUm8h3MNP120pTpgpZqkxTg/s1600/044_correio03.jpg

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

CARMA NOSSO DE CADA DIA


Trago pesado em mim esse fardo
Que queima no fogo do passado
No inferno próprio que me ardo
Por toda dor que tenha causado.

O receio e o rancor que guardo
Aquecem a negrura desta alma
Que o perdão queda no aguardo
Na espera do amor que acalma.

Pesa-me o ponteiro dessa hora
– tempo implacável e dolorido –
Do futuro e do extenso agora

Não apaga a mancha do meu ido
Quando cada segundo demora
Jazo um século a mais ferido.

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Imagem: http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/img_poesias/46455_gr.jpg

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

MARMELADA NA HORA DA MORTE (MATA)


Com vigor o dente range
Primitivo instinto animal
Escoltado por sua falange
Marcha a tropa do mal.

Temida a vigorosa legião
Assombra a todo mortal
Impondo em sua missão
Derrubar a fé e a moral.

Os fracos postos em vão
Clamam buscar piedade
Juram tratar de ilusão

Tardam aceitar a verdade
Rezam a Deus por perdão
Quando já se faz tarde.

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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

SONHO IV


Chegou em mim despretensiosa
– como o poema que componho –
Toda sua terminação nervosa
Ramificada, do id até seu sonho.

Esse desejo contido que encharca
O verso que rimo e me exponho
Que me fere, profundo me marca
Que escorre do papel ao sonho.

Ah! Inconsciência da consciência!
Se sou real ou se sou um sonho
O lúcido da alma em confluência

Com as viagens em que me ponho
Vêm de você ou da sua essência
Nos unindo – eu assim o suponho!

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